Tuesday, March 03, 2009

Olhos fundos


O instrumento furante branco com prateado revela suas garras e ajuda a exalar o cheiro da fórmula divina. Mesmo que seco e de terras incas, a dádiva líquida enobrece a circunstância, esteriliza a alma e torna mais viva a cobiça, o anseio, o desejo. Sede.

A descoberta dos sentidos se torna mais intensa com as ondas. Do mar e da leve trilha embossada. Até a chuva pinta o cenário ideal, ou próximo disto. Basta ser cego. Som.

O convite pra dançar... é hora de aproveitar. Aproveitar a luz amarelada, a vista por entre a selva de pedras, a lua que torce ansiosa. O sofá aproveita pra passar o frio. A parede, a cortina e os enfeites apostam cristais Swarovski e tafetá num resultado provável. Visão.

Olhos fundos, mas sem a dor de todo esse mundo. O mel que se transforma, ao sol, em verde. O mar que aproxima e afasta. Vento, frio, calor. E não é preciso de Vinícius nem Drummond. A própria ocasião compõe versos com rimas perfeitas. Não que rimas perfeitas sejam as melhores.

Eu mostrei sorrindo, mostrei a ela. Ela viu o que passou na janela.

2 Comments:

At 4:19 PM, March 03, 2009 , Anonymous Anonymous said...

Pow ta massa!! Viagem .. e cada um tem a sua !!

Valeu!!

 
At 5:54 PM, March 03, 2009 , Blogger Adilana Soares said...

Som!
É preciso se desvencilhar de um sentindo de cada vez para curtir o outro mais intensamente...

Gostei muito Andreh...

 

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