Na música, tudo se copia?

Sempre fui a favor da originalidade, ou, pelo menos, da tentativa de fazer algo novo, inédito. E isso é cada vez mais escasso. Ainda mais com o modismo nunca saindo de moda. Deixando de lado o lugar comum “os gregos já inventaram tudo”, ressalto que sempre há a possibilidade de inovar, mesclar ou até mesmo fazer bem uma cópia. E copiar com qualidade é a filosofia de um festival de música que está chegando em Fortaleza, o Coverama.

Não imagino o motivo pelo qual uma pessoa inicia uma disputa entre bandas, no qual a ideia é premiar a cópia, o melhor cover. E isso é bastante original e corajoso, pelo menos, para o Ceará, que tenta a todo custo – com sucesso medido nos dedos -, promover as chamadas bandas autorais.

Confusão entre original e cópia à parte, a proposta de trazer um concurso entre bandas que “imitam” grandes bandas já poderia ter sido realizada por aqui. É uma ideia tão óbvia! Mas foi preciso ser importado de outro estado, no caso, Sergite. Saudemos, por tanto, a iniciativa!

Louvável também é assumir, deixar claro, que é mesmo um festival de cover. Não há uma máscara ou tentativa de enfiar um produto com a desculpa de que vai incentivar a música autoral. Por sinal, de uma certa forma, incentiva a produção musical, sim. Ou você acha que uma banca cover não pode compor as próprias músicas e seguir carreira? Isso é bastante comum: ganhar dinheiro copiando grandes sucessos e, depois, investir na própria produção. Até porque, falta incentivo à produção artística como um todo no Estado.

E como diz o blog do Coverama, “tocar as músicas preferidas de uma banda não é apenas simples hobby ou mania de quem parou no tempo”. É, pode ser que não seja mesmo em alguns casos.

Vem aí, em Fortaleza: U2, Guns’n Roses, Beatles, Bom Jovi, etc, etc, etc. Ah! Lembrando que o festival é livre. Não é um festival de rock. Então, agora que as inscrições foram lançadas, afinem as guitarras, preparem as paramentas, aqueçam a voz, porque o público vai julgar e direcionar um prêmio de R$ 1.500 para a melhor cópia.

Na primeira edição de um festival é comum a necessidade de melhoramentos. Vamos torcer para que o Coverama precise de poucos ajustes, seja um sucesso e se repita periodicamente para fomentar a música (mesmo que cover) no Ceará. Parafraseando Chacrinha, na música nada se cria, tudo se copia.