Thursday, February 15, 2007

Quem quer uma casinha no céu?


Fé não tem preço

De tão comum, já não incomoda a presença crescente dos templos religiosos e suas diferentes “bandeiras” na periferia das grandes metrópoles. Não é difícil identificarmos os motivos de tamanha proliferação. Segundo a Enciclopédia Mundial do Cristianismo, publicada pela Universidade de Oxford nos Estados Unidos, é crescente o número de pessoas que pertencem a pelo menos uma das 10 mil religiões existentes. O número de adeptos a alguma religião já soma 85% da população mundial. E ainda, no Brasil, por serem consideradas entidades isentas ou imunes, as igrejas não recolhem o Imposto de Renda. Ou seja, elas não pagam Imposto de Renda sobre o valor adquirido com doações, mesmo que sejam veículos, imóveis ou jóias. Condições favoráveis, um prato cheio para a atuação de pessoas que tiram proveito dos crentes em um “gerenciamento superior”.

Não me compete contestar o Direito Constitucional ao culto religioso da população, muito menos julgar a racionalidade da fé. No entanto, não posso deixar de me indignar com a ação de alguns agentes religiosos que fazem uso da crença das pessoas para angariar recursos para suas instituições. As doações somam milhões, talvez bilhões de reais. Este dinheiro não é de fácil quantificação, já que depende do número de doações, seus respectivos valores e do nível de alienação da população. Construções faraônicas, farras no Caribe, enormes quantias de dinheiro não declarado fazem parte do histórico de ostentação e desrespeito aos fiéis que, muitas das vezes, doam o pouco que têm em busca da salvação. Poucos lembram, mas na mesma semana da prisão do assessor parlamentar com dinheiro na cueca, foi detido também um deputado federal, dirigente religioso, com mais de 10 milhões de reais não declarados. A quantia, que, segundo ele, era a receita de um único dia de doações, era levada em um jatinho da igreja sob forte esquema de segurança armada.

A interpretação dada pelos pregadores às escrituras é a mais potente ferramenta contra o pensamento racional dos fiéis. A eficiência dos sermões, o poder de persuasão dos “pregadores da fé e da palavra divina” têm papel fundamental sobre a receita das igrejas. Não é à toa que existem muitos cursos de formação para pastores com conteúdo que vai desde “Artes Dramáticas” até “Persuadir e dissuadir”. É um negócio lucrativo. Infelizmente, moralidade e ética são fundamentos utópicos quando me refiro aos dirigentes de algumas instituições religiosas que de ingênuos e bondosos nada têm. Num país em que a imoralidade e a falta de ética são parceiras do dia-a-dia, o refúgio da população não poderia ser diferente.

Deoclécio Castro
Designer gráfico e estudante universitário

Apocalyspo

Os bregas zuadentos que me desculpem, mas um pouco de “Semancol” é fundamental. Um cidadão comum, suburbano decide, no fim de semana, relaxar no bar da esquina, pois a grana anda curta, como sempre. Ahh saudade do tempo que a cerveja era 1 e 50 R$... Bom, mas isso é outra estória.

O bar da esquina é sempre a melhor opção para o ócio criativo, esportivo e por que não metafísico: ambiente familiar, você já está acostumado com a nhaca do banheiro que nunca teve uma descarga que funcionasse, as pessoas são conhecidas, feias sim, mas conhecidas. O serviço pode não ser higiênico, mas o preço da bebida compensa, e se tiver tira-gosto além do ovo de codorna agradece que é lucro.
Tudo vai muito bem, você começa a relaxar com conversas vazias e tal. Mas eis que chega ao bar, NO SEU BAR - pois depois de tantos anos bebendo ali você com certeza já se tornou acionista - uma turma formada basicamente de coroas, ou melhor, jovens senhoras animadas.

Todo bar de esquina que se preze tem que ter uma TV 14 Polegas, mais que isso é ostentação. E na TV você assisti futebol com os amigos, mas dia de sexta-feira rola Dvds musicais, piratas vale ressaltar. Tudo bem, o DVD rola baixinho servindo de background para o papo furado e a noite vai passando. Mas a turma de coro...Ops, senhoras já chega fazendo zuada falando da vida alheia, aquele lance. Então o dono do bar como quem não quer nada coloca um DVD de forró para agradar e pronto; acabou o seu fim de semana.Você só ouve um grito uníssono desafinado da turma: “Ahhh não acredito, o Felipãoooo”. A turma de COROAS (porque a essa altura você já está p*&#) não satisfeitas com a zuada começa a dançar como se estivessem num show, passinhos ensaiados, cantando junto e você lá atônito vendo elas desrespeitarem uma das leis mais antigas de boteco : nunca atrapalhe o conversa da mesa do lado.

Você chama o garçom que é seu brother, pois o outro garçom é o próprio dono do bar, e ordena: - Fulaninho, eu pago 10 reais pra você desligar aquele DVD. - Aí eu me lasco. Essas ‘mulher’ vão me matar. Você insiste, aumenta a oferta, mesmo a contragosto, mas o garçom nada de ceder. Então você tem um plano genial: “Vou pedir tudo que tem nesse cardápio, assim como um cliente tão especial eles vão ter que me agradar, desligando o DVD”.

Mas esse plano naufraga na hora que você olha para carteira.“Tudo bem, calma, elas são coroas, não vão agüentar dançar por muito tempo”. Ledo engano, elas continuam na maior animação, crente que estão abafando. Mas Deus escuta suas preces e manda uma chuva torrencial, o famoso Toró. “Agora elas vão embora correndo pra não desmanchar a prancha (afinal toda coroa faz prancha)”.

Que nada! Elas se animam mais e vão pra debaixo de uma biqueira improvisada na frente do bar tomar banho de chuva, e dançando. Você sem acreditar no que esta acontecendo pensa em ir embora, mas desisti imediatamente, pois agora é questão de honra, ou você ou elas, e então você começa a falar de como é desagradável ir num lugar com pessoas tão mal educadas, reclama do barulho, do atendimento, da vida, enfim, vira o chato e nada!

Mas não há sofrimento que dure para sempre. O Dvd do Felipaãoooooo finalmente acaba e você respira aliviado. Vai ao banheiro para abrir espaço para mais cervejas, senta vitorioso e chama o garçom. Mas ele está ocupado colocando outro DVD no aparelho... \Tensão total. Ele aperta o play e você fecha os olhos imaginando: “Que o Fulaninho seja fã do Chico Buarque ou da Ivete Sangalo ou até mesmo do Amado Batista. Então você só houve um grito desafinado agora vindo da TV: - KalypsÔÔÔ!!!!! Você se levanta, deixa uma grana na mesa sem nem se importar se está apagando a mais, sai no meio do Toró, derrotado e estressado por saber que seu fim de semana começou um merda e provavelmente acabará uma merda.

Pois afinal, Apocalypso ninguém merece.

Davi Catunda
Jornalista e Músico

3 Comments:

At 9:52 AM, February 25, 2007 , Anonymous Anonymous said...

Primeiramente gostaria de parabenizar o criador desse blog =D Andreh
É uma forma divertida de nos manter informados.

Nossa adorei o texto do Davi kkkkkkkkk ( num tenho nada contra os "kkk" ). Não frequento muito esses bares mas me identifiquei com algumas coisas , pior q das duas partes, tantos dos incomodados como das senhoras adoradorados do felipão kkk :p
ai ai ..

 
At 10:06 AM, February 25, 2007 , Blogger Andreh Jonathas said...

Andreh disse
sem personalidade...hehe

 
At 10:17 AM, February 25, 2007 , Anonymous Anonymous said...

Aff.. a pessoa insiste por um comentário nosso .. a gente faz na maior boa vontade .. ainda recebe isso como resposta.. sei não viu!!

Eu chamaria isso de personalidade eclética.

 

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