Wednesday, April 04, 2007

Um Girão bota a mão no céu



“Oi vô, como estão as estrelas? Tenho certeza que está tudo bem por ai.” Essas são algumas das palavras que Maria Cecília escreveu no livrinho da Missa para o “vovô Chachá”, como era conhecido pelos netos, José Blanchard Girão Ribeiro. Familiares, amigos e colegas de profissão prestigiaram a família e homenagearam o jornalista que partiu aos 77 anos. A missa aconteceu ontem às 19h30min na Igreja Pequeno Grande. Há oito dias atrás, o também escritor sofreu um infarto, quando dormia em um sítio particular em Aquiraz, dia 24 do mês passado. A família, bastante emocionada, não quis falar a imprensa.


“E o Vinícius, cantando muito por ai? Ele cantarolou bastante antes da sua partida, não foi? Deve está sendo muito agradável visitar aqueles que estiveram na sua vida por tanto tempo: Neruda, Cartola, Noel Rosa, Drumond e tantos outros. Manda um abraço a todos eles e aqueles a que tenho apreço: Vinícius, Clarice Lispector, Cecília Meireles. Todos eles me foram apresentados pelo senhor”, continua a neta. Jornalista aos 14 anos, Blanchard começou na revisão do extinto Gazeta de Notícias e depois caminhou por diversas funções nos jornais cearenses: redator, repórter, editor, editor-chefe e, por último, articulista do Jornal O Estado.


Blanchard era formado em Letras e escreveu mais de 10 livros, além de ter sido deputado estadual pelo PSD, Diretor Superintendente da Televisão Educativa (TVE) e sub-secretário de Cultura e Desportos. Recentemente, ele estava trabalhando em mais uma publicação previsto para ser lançado no final do ano sobre a presença americana na 2ª. Guerra Mundial. Maria Cecília insiste: “Lembra vô, quando eu passava horas na frente daquela estante de madeira escura repleta de livros? Ainda lembro do cheiro de livro velho que me deixou viciada no mundo literário.”


Agora, assim como todos os cearenses, ela se despede: “Obrigada, vô, por ter sido meu mestre, meu amigo, meu conselheiro, meu vovô Chachá querido... Até mais!” Blanchard era casado com Maria Cleide e teve quatro filhos, Luiz Carlos, Ana Veruska, Marta Vanessa e Blanchard Filho. Em uma carta de 11 de fevereiro de 1959, ele escreveu para, a então noiva, Cleide: “Talvez veja o mundo com que sonhei sempre. Mas meus filhos ou meus netos, tenho certeza, jogarão rosas vermelhas sobre meu túmulo e dirão orgulhosos: - ‘Ele sempre pensou num mundo bom para todos”.

Por Andreh Jonathas

3 Comments:

At 7:38 AM, April 05, 2007 , Blogger Edgar Bertram said...

Hey, amigão, tu sempre diz que eu sou chato, que num gosto de texto nenhum... Taí: gostei do seu texto. Gostei porque tu desdobrou muito bem um grande problema dessa nossa vida jornalística: o que perguntar para a família no enterro de seu ente querido? É uma situação muito delicada e, mesmo sem conseguir entrevistados para a tua matéria, tu conseguiu fazer um texto emocionante, e sem ser piegas. É um texto simples e belo, a ótima solução para o nosso dilema. Parabéns, rapá!

 
At 9:01 AM, April 05, 2007 , Anonymous Anonymous said...

não acrediiiiiiiiiito....vcccccccc?
poxa, cara, valeu mesmo. Sabe q nessa nossa profissão, elogios são raros, por medo vaidade ou até por inveja. Mas, estamo ai aprendendo.

faz um blog pra ti tbm. talvez seja a ferramente de comunicação mais livre e democrática.

abraço pessoal
Andreh Jonathas

 
At 9:03 AM, April 05, 2007 , Anonymous Anonymous said...

ah! em sua homenagem, a foto tem a ver com o texto..kkkkkkkkkkkk

 

Post a Comment

Subscribe to Post Comments [Atom]

<< Home