“Pernambuco barra baixaria no forró”

Ainda existem iniciativas sensatas e corajosas no mundo da música. “Enquanto o Ceará assiste calado à intensa baixaria de muitas bandas de forró, Pernambuco reage”, iniciou seu comentário de hoje o colunista Fábio Campos, do Jornal O POVO. Na foto, Dominguinhos, que fará show hoje (22), às 19 horas, no cineteatro do CCBNB-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 - Centro). Entrada Franca. Outras info.: 3464 3108.

Campos reproduziu um trecho de uma matéria do Jornal do Commércio (PE), que trata do assunto: “O São João de Caruaru, no Agreste, será voltado para as tradições culturais e para o autêntico forró. É o que promete a Fundação de Cultura da cidade, que causou polêmica ao anunciar, sem citar nomes, que bandas ‘apelativas’ estão fora da programação. ‘Alguma bandas não vão participar. O São João de Caruaru nasceu, se fortaleceu e cresceu através do forró autêntico, das bandas e dos artistas da cidade, e queremos resgatar essa tradição’, disse o presidente da fundação, José Pereira... ‘no ano passado, uma integrante chegou a tirar o sutiã. Em outra ocasião, um cantor mostrou as nádegas e também houve gestos obscenos com microfones’, completou.”

O colunista comentou: “A maioria dessas bandas de forró que exaltam a baixaria, a agressividade e a falta de civilidade são do Ceará”.

Agora, vamos nós: A atitude da Fundação de Cultura de Caruaru é sensata porque abre uma discussão já esquecida. As letras de música das bandas do chamado “forró eletrônico” andaram pra trás e deixaram de ser de “duplo sentido” para serem de “sentido direto”, em que são exaltadas a embriaguês, a violência contra a mulher e o machismo. Vamos fazer justiça: não são todas. Ainda há grupos que exaltam a alegria, o romantismo e a cultura regional. De qualquer forma, a iniciativa de Pernambuco retoma o assunto que deve mesmo ser levada em consideração.

Por outro lado, a iniciativa também é corajosa. Isso porque há um verdadeiro império no Nordeste, em especial no Ceará, do forró, em que, poucos grupos (que congregam várias bandas) dominam este mercado. Por isso, barrar grandes bandas de forró é comprar briga com cachorro grande, o que pode transformar o evento em um fiasco. Essas bandas são populares e podem, de propósito, fazer grandes shows nos mesmos dias do evento que as boicotou para tentar atrair o público que seria de lá. Duvida? Acha isso exagero? Há exemplos disso aqui em Fortaleza.

Agora vou ser “advogado do diabo” e abrir novas polêmica: O que é “autêntico forró”? Ainda existe?