Sunday, September 28, 2008

“Jacarezinho de parede” em POA


O calango da patagônia está há 30 horas em Porto Alegre, capital gaúcha. Aliás, já me contaram que os “manezinhos da ilha” – como alguns chamam ironicamente os moradores de Florianópolis (SC) – apelidaram o calango de “jacarezinho de parede”. Nada mais natural para quem também chama o telefone público de “poste de falar”. Na foto, o "marco zero" da cidade.

Voltando a POA... Mais de um milhão e duzentas árvores na cidade, quase uma árvore por habitante. É a segunda mais arborizada, perdendo apenas pra João Pessoa. Sem ruas paralelas e perpendiculares. Dá pra se perder facinho. Muitas livrarias e escolas e um frio legal nesse período. Mas já sei que no verão é quente e abafado. Churrasco à noite e churrasqueira até nos apartamentos. Carne vermelha e crua à rodo, como já sabemos. Nada de comida regional nordestina. Natural.

Peguei um dia de “grenal” e me lembrei do clássico rei cearense. Rivalidade à prova. Maior rio fluvial do País, o Guaíba. Muitos prédios históricos conservados, muita gente lendo nas ruas e tomando chimarrão. Tangerina chamam bergamota ou mesmo mexerica. Ah, não há suco de cajá, porque não há cajá. Um mercado a mais quem produz.

Fim-de-semana movimentado no sábado. Meio boate, meio pub, os locais são sempre pequenos e lotados de gente com rosto afilado, cabelo liso e geralmente louro, pele branca e olho claro. Muitos negros também na cidade. Gente receptiva, pelo menos, as que conheci. Domingo, só tem um lugar pra sair. Se segunda a quarta, quase nada há. As Farras acabam mais cedo.

Música: nunca forró, pouco samba, geralmente pop rock e samba rock. Sei também que tem o que eles chamam de tchê music, uma variação da música tradicional gaúcha. É um axé com sanfona misturado com música sertaneja. Não escutei nada disso ainda. Ah! Reduto emo, já que é daqui a banda Fresno, um dos sucessos midiáticos atuais.

Bebidas: Cachaça daqui, só as feitas com casca da uva. Ypioka, R$ 25 conto, por aí. Váaaarias cervejas diferentes daqui e de alguns países latinos, como Argentina e Uruguai. Uísque, os que conhecemos mesmo. A máxima do Fábio Marques, “bar bom é bar ruim”, não funciona aqui. Não se pode ir a botecos, digamos, mais derrubados, se não conhecer alguém da galera. Resultado, locais com bebidas mais caros do que Fortaleza.

Há uma hora atrás, Memorial Mário Quintana, tomando um capuchinho e escutando uma Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa). O Lugar é irado, salas com exposições massa, dois cafés. Está em reforma.

Se o Macaco Simão fosse dar um exemplo de antitucanês, ele diria: "E em Rio Grande do Sul, o desodorante anuncia: novo rexona rolão. Melhor, impossível". Pra encerrar com um carinho. Valeu, porto-alegrenses!

Fotos e vídeos, depois.

Conclusões parciais e impressionistas:

- Sete horas de deslocamento. As costas respondem depois de algumas horas;
- Quero voltar a Porto Alegre um dia;
- Temos que seguir o exemplo de alguns lugares que valorizam sua tradição, história e gente. Contudo, fazer isso sem querer passar superioridade ou coisa do tipo;
- Nosso Nordeste é riquíssimo (reafirmação) e diversificado;
- Tenho que me orgulhar do meu conhecimento, mesmo superficial, em relação ao resto do País. Com as pessoas que conversei, pouco se sabia do Nordeste. Exemplo: “Ah, tu é de Fortaleza? Capital de Teresina, né?”. Exemplo real. Outra coisa: perguntaram se eu era carioca. Como assim?;
- Estereótipo. Assim como se passar através da mídia ou não os estereótipos sobre gaúchos, também eles têm o estereótipo do Nordestino. No caso, é aquela pessoa desgastada, cabeça chata e de chapéu de couro. Eu já sabia disso, só comprovei. Mas morrem de vontade de conhecer Fortaleza, principalmente por causa das praias;
- Gente bonita, educada, receptiva, mas não calorosa como cearense;
- Tenho que comprar uma câmera digital. Não dá só o celular ou pedir dos outros.