(in)Tenso
Dá pra escutar. O olhar jogado, daqui de cima, não serve. É meio escuro. Não dá pra ver. Dá pra escutar. Não sei onde fica e só escuto. Mas é verdade. Existe e está bem ali.
Enquanto corre o tempo elementar, eu fico aqui, relativamente estático. Enquanto escuto uma só voz, baixinha, serena, forte, fico aqui, um pouco menos parado a cada instante.
Logro reconhecer quatro situações, cada qual com uma harmonia, intensidade e duração diferentes. Dá pra saber o que a favor ou contra; erro de marcação e situação perdida, que é parecida com uma situação contra.
Daqui, quase o tempo inteiro é silêncio. Aquele silêncio é tenso. Naquele momento específico, é como uma bruta encarnação. Dá sangue no olho. Dá suor nas mãos. Dá arrepio na pele. Despenteia a postura. É tenso como o feixe de tempo em que a presa estimula as pernas pra fugir e o predador, a boca pra comer. Estou falando: é tenso!
Calculo de 90 a 120 minutos e pronto. Acabou. Fim do primeiro e segundo tempos. Enquanto os bestas assistem o futebol, eu aproveito a minha encarnação. Daqui de cima, por dentro da janela, minha emoção é maior. E é só minha.
Janela fechada. Pode ter prorrogação.
Calculo de 90 a 120 minutos e pronto. Acabou. Fim do primeiro e segundo tempos. Enquanto os bestas assistem o futebol, eu aproveito a minha encarnação. Daqui de cima, por dentro da janela, minha emoção é maior. E é só minha.
Janela fechada. Pode ter prorrogação.