Monday, August 30, 2010

"Ensaio" sobre o sofrimento

Por que músicas de sofrimento fazem tanto sucesso? Ou, se fosse um estudo antropológico, seria: "A relação intrínseca entre a tristeza e o gosto popular". Se fosse uma pesquisa de um jornalista seria: "O belo e a tristeza na mídia contemporânea"... e assim vai.

Eu, pelo menos, não gosto de sofrer, mas estava observando que as poucas músicas que sei tocar no violão (e cantar) têm melodia ou letra triste. Já até tinham reclamado disso. As chamadas músicas românticas são outro exemplo de banalização (falo mesmo) da tristeza. A própria Bossa Nova é só dor de cotovelo. Que merda é essa?

Bom, andei tregiversando sobre o assunto, e não cheguei a nenhuma conclusão. Por isso, se está lendo esse texto pra formar opinião, clique
aqui. Até falei pro meu solzinho que daria uma boa tese acadêmica. Aliás, não é possível que alguém não tenha feito algo do tipo ainda. Povo sem criatividade.

Uma das minhas teorias sobre o fascínio por letras ou melodias depressivas, "pra baixo", "mela cueca", etc, é que as pessoas gostam de ver o sofrimento de
outrem (gostou aí?). Tanto é verdade que programas que fazem o participante sofrer dão maior ibope. Confira comigo no exemplo: programas policiais; notícias de enchente, fome, terremoto, seca; novelas do SBT (Marias sei quê lá); realities shows; vídeos no youtube de morte, de avião caindo, de atentados, de assalto... já tô mal só de pensar.

Por que mané raios a gente gosta de ver sofrimento? Como não tenho nenhuma formação em filosofia ou em qualquer área psíquica, continuo com as minhas teses sem fundamento.

Se não gostam de sofrer nem de ver o sofrimento dos outros, a explicação é que as pessoas, de fato, sofrem (claro!). Por isso, quando estão triste, principalmente com fim de relacionamento, ficam ouvindo qualquer música por aí buscando uma relação com a própria situação. 


"Parece que essa música foi feita pra mim". Babaquice. Claro que não foi feita pra você. O negócio é que os sofrimentos são sempre (ou quase sempre) os mesmos de hoje e de muitos anos atrás. Por isso, essa ou aquela música parece tanto com tua vida. Deixe de ser besta! 

Quem já passou por isso, levanta as duas mãos: \o/ 

Tem outra coisa também. Falta criatividade dos compositores. Deve ser possível contar nos dedos os temas musicais. A gente acaba se acostumando (eu mesmo não) com os mesmos temas chatos e tal. O tempo passa, a gente fica velho, mas não para de se emocionar com as canções de tristeza, por mais felizes que estejamos. 


Traz uma dose de cana e meio limão, aí, menino. Poisé! O Cara tá derrubado e ainda vai encher a cara, pra ficar tonto, gastar dinheiro e depois ter uma tremenda dor de cabeça... Uma dica: meio limão dá pra três doses, se souber beber.  ;)


Será, então, que todos nós temos um pouco de masoquistas? Esta é uma resposta pra você, leitor seleto do Surtou. E vida a alegria!


Desta vez, coloquei as fotos abaixo do texto. É pra vocês olharem primeiro o texto, E SÓ DEPOIS, AS FOTOS. Brincadeira. Sintam-se à vontade. Ah, tem mais foto na internet. É só colocar "masoquismo" no google.








Tuesday, August 17, 2010

ócioprodutivoantimaisvaliacapitalista


Um momento de ócioprodutivoantimaisvaliacapitalista. E porque não um pouco de romantismo brega, exagerado e sem compromisso estético para essa nossa vida grosseira, rude e burocrática? A (quase) poesia que se segue não tem título, não tem seguro de uso de direito autoral e não precisa de citação do autor para ser reproduzida em qualquer lugar que seja, inclusive na privada. O texto abaixo reflete, necessariamente, a opinião do blog e do autor do blog, ou seja, eu.

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Quando eu perder minha capacidade de arrepio, existir é uma questão de sobrevivência.
Quando não mais a lua me orientar, olhar para o céu é um deslocamento de retina.
Quando não mais tilintar uma taça encarnada, sangremos. 
Quando uma poesia eu não mais sentir no teu beijo, provavelmente, estou louco.