Thursday, August 27, 2009

A calma


Momento massa de inspiração em frente ao notebook. Até parece que sou poeta ou coisa do tipo. Que nada! Apenas um cara metido a expressar o que pensa, ou seria o que sente, ou seria o que veio à cabeça, ou seria os três juntos. Ah, sei lá... expressar em versos. Versos tortos - é certo -, sem métrica - também é certo -, mas pra que medidas, se a medida das coisas está na essência, que não se vê bem e que se vê pouco, mas que aparece sem muito esforço?

A calma
acalma
a alma

que clama
por cama
sem lama

que ama
reclama
resvala

que cala
escala
e entala

que fala
afaga
estala

que ama
na sala
sem vala

que manda
sem fama
mas rala

que sente
mente
e entende

que geme
se estende
se entrega

mas passa
disfarça
esgarça

sugere
envolve
desiste

A calma
acalma
a alma

Tuesday, August 25, 2009

Maconha: Tabu em pauta


Para botar um pinga-fogo por aqui, lanço um assunto polêmico para a nossa sociedade, que insiste em não discutir tabus, com alegações religiosas, culturais ou sociais. Mais do que qualquer coisa, o nome dessa intolerância é hipocrisia. Temos, sim, que falar sobre qualquer assunto. Infelizmente, o calango aqui não tem ainda opinião formada sobre a descriminalização da maconha, mas não se pode punir, utilizando o argumento de “apologia”, quem simplesmente quer levantar sua opinião. Liberdade de expressão – com responsabilidade, claro – sempre.

Lancem seus comentário, falem suas opiniões, mas, puramordideus, identifiquem-se!

Argentina já discute
Da AFP: “A Suprema Corte de Justiça da Argentina declarou inconstitucional, nesta terça-feira, a punição à posse de quantidades pequenas de maconha para consumo pessoal para maiores de idade, anunciou uma fonte do alto tribunal.

A sentença unânime estabelece que ‘deve-se proteger a privacidade das pessoas adultas para decidir sobre sua conduta’ em relação ao consumo de maconha, indica o texto divulgado à imprensa.

O tribunal alega ter se baseado na Constituição, segundo a qual ‘as ações privadas dos homens que não ofendem de nenhum modo a ordem e a moral pública, nem prejudicam um terceiro, estão apenas reservadas a Deus e isentas das autoridades dos magistrados’.

O texto, no entanto, adverte que ‘nenhuma permissão legal para consumir (maconha) indiscriminadamente foi outorgada’.
Nos últimos anos, várias sentenças judiciais optaram por submeter os réus a tratamento médico ao invés de condená-los à prisão no caso de consumo pessoal de maconha e cocaína.”

Thursday, August 06, 2009

Fogo


Eu estava lá. Acompanhei in loco a fúria controlada do fogo. Mesmo que não tenha destruído vidas ou o prédio o suficiente, eu vi. Eu estava lá quando a ponta dos dedos dos transeuntes apontava para cima. Não era para o céu. Era para cima. Era o começo. E lá, a fumaça esbranquiçada começava silenciosa a tomar conta de uma janela, de duas, de três, de parte do primeiro andar visível. Imagem acima presa por um celular e uma mente ativa.

Mais gente se acumula, muitos deles, chamando os homens do carro vermelho que apagam fogo quente. Era a esperança torta de ser o primeiro herói a salvar o dia e ter uma história de pescador para contar em casa. Porque os heróis são feitos todos os dias, todas as noites. E heróis sem história para contar não são heróis.

Mais gente se acumula à proporção que a fumaça cândida toma conta da (quase) imponente estrutura de concreto. Se nem as torres gêmeas foram imponentes! Sem noção do perigo, os homens que carregam malas ficam circulando abaixo do iminente desmoronar de plástico das janelas com vidros derretidos. Elas caíram. Eles se assustaram.

Outros também tentavam ser heróis com extintores ao lado da fumaça. Onde há fumaça, há fogo. Heróis do fogo, apaguem o fogo, ainda que os loucos torçam pelo inimigo, torçam por mais fogo.

E se não bastasse o registro mental do calor do sol, do odor quente, da rua tensa, das pessoas confusas, a tecnologia não deixou escapar uma fagulha sequer que o tempo levava. Estavam lá, os celulares apontados incansavelmente para o palco de fumaça. Não era gelo seco.

Em pouco tempo, a informação foi repassada ao Portal O POVO e os detalhes do incêndio foram apurados pela repórter Rosa Sá. Até agora, 11h39min, é a notícia mais lidas desde ontem, 6. http://www.opovo.com.br/cidades/899036.html

Sunday, August 02, 2009

Choro

Quando a vergonha toma conta da cara, o melhor mesmo é assumir que chorou além da conta. Nem aquela amiga atriz do teatro chorou tanto no ensaio de uma cena. Nem a verdadeira mãe viúva chorona chorou tanto.


O problema é quando não se sabe o que fazer para cessar o choro, engolir o choro. Não depende mais de mim. Força? Ela chega depois, mas não antes de descarregar toda a precipitação de água com sal dos olhos.

Limpar o cristalinho tudo bem, mas não dá para enxaguar a visão até cegar. Não quero ficar cego. Não sou cego! Não dá! E se o choro vale a pena, porque não chorar? E se a lágrima é digna e verdadeira, porque não autorizá-la a escorrer? Acima de tudo, deixar os olhos vermelhos. Da cor da nobreza, da cor do sentimento.

Avante com o suspiro, avante com o soluço, que começa... e termina; começa... e termina; começa... e não termina mais. E se for preciso eliminar as imagens mentais e materiais, como farei? Talvez o líquido salgado e valente derreta as lembranças.

Descarregar baldes de choro é necessário, é sincero, é vergonhoso, é vitorioso. Só não quero, não aceito, que aqui valha a máxima: “Quem não chora, não mama”. Decepção não mata, mas ensina a viver. Recomeço.

Colaborou Alina Albuquerque, com a frase em negrito