Metalinguagem – Assaltaram O Estado

Bom, está na moda ver famosos publicarem no próprio weblog situações de perigo ou de violência pelas quais passaram. Não serve de muita coisa, mas a internet é democrática e dá essa possibilidade de expressar-se com poucas restrições. Não sou famoso, nem a situação foi bem comigo, mas envolveu a empresa na qual trabalho e um colega. Já está na mídia e não é mais segredo pra ninguém.
Estamos acostumados a noticiar e ver assaltos, mortes, tiroteios, seqüestros, enfim, violência - é, “acostumados” talvez não seja a melhor expressão, - mas acontecer conosco ou com alguém próximo é sempre mais traumatizante. Uma verdadeira metalinguagem jornalística, e nada agradável.
Por volta de 15 horas de ontem (19), um funcionário do jornal O Estado (nome preservado, pelo menos aqui), que saía do banco com o ordenado quinzenal dos funcionários do veículo de comunicação, foi atacado por dois homens armados de revólver em uma ação rápida e audaciosa em frente à empresa na Aldeota.
Segundo o outro colega de trabalho que estava junto no transporte, os bandidos dispararam dois tiros contra o primeiro, acertando um disparo no pé, mas este já foi medicado no Instituto Doutor José Frota e passa bem - o mais importnte. Na fuga, seguranças de uma das casas vizinhas reagiram com tiros contra os assaltantes, que estavam de coletes a prova de bala, mas conseguiram fugir e levar cerca de R$ 22 mil, conforme informações oficiais. Estão divulgando por aí R$ 30 mil.
Um detalhe chamou a atenção. O funcionário que carregava o dinheiro tentou, heroicamente, ao mesmo tempo indevidamente, jogar o envelope com a quantia para a parte de dentro do Jornal na tentativa de evitar o assalto.
Os comentários insanos, mas possíveis, de que pessoas do próprio banco ou da própria empresa teriam repassado informações sobre datas de recebimento deixaram alguns mais inquietos. Inquietos e inconformados em imaginar essa possibilidade. Mas não se pode descartar o fato. Senão, vejamos. Ninguém sai de moto com colete a prova de balas, armado e em dupla para dar uma volta na nossa Fortaleza Bela. A não ser que fizessem parte do Ronda do Quarteirão, mas isso já está parecendo uma fábula, um conto, uma história de pescador. Se estavam com todo esse aparado, sabiam o que os funcionários transportavam, onde foram sacar o dinheiro e para onde eles iriam. Claro! Isso é óbvio.
Do contrário, teríamos uma nova modalidade de crime: os bandidos saem motorizados e preparados para seguir alguém que eles escolhem no “par ou ímpar”, têm uma visão biônica e conseguem ver o que as pessoas estão transportando e, a partir daí, assaltam. Moderno, né?
Outra possibilidade, completamente possível, ... ah, deixa pra lá, não sou Polícia. O certo é que falar de que não temos segurança é um clichê, está banalizado e ninguém sabe mais o que fazer. Longe de deixar pra lá por conta do desespero, o assunto deve ser discutido com atenção especial na nossa cidade. Conhecem o Rio de Janeiro né? Já me disseram, e não foi um comentário isolado, que Fortaleza é o Rio de alguns anos atrás. Manca? É osso, mas é isso!
Por Andreh Jonathas